Graduando em Gestão de Políticas Públicas - EACH USP
A
presença das mulheres na política foi marcada e, continua sendo, por muita luta
na aquisição e conquista desse direito. No Brasil a consagração do voto
feminino veio apenas com a Revolução de 30, por meio do Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, que
instituiu o Código Eleitoral Brasileiro. Em seu art.2° estabelecia ser eleitor
“o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo”. No entanto, cabe ressaltar
que a atribuição do voto às mulheres consolidado no código não era obrigatório,
pois no art.121 dizia que "as mulheres em qualquer idade",
além dos homens com idade superior a 60 anos, podiam "isentar-se de
qualquer obrigação ou serviço de natureza eleitoral". Isto é, por mais que
elas tenham obtido direito ao voto, as obrigações eleitorais continuaram
distintas em relação ao dos homens. Foi somente com a Constituição Federal de
1946 que elas obtiveram a igualdade de direitos e deveres para com o Estado, já
assumida pelos homens há tempos, quando passaram a ter obrigatoriedade do
alistamento e voto.
Passaram-se
metade de um século e a luta continua! A presença delas no Legislativo continua
ínfima em relação sua população. Segundo o último grande censo demográfico do
IBGE, que foi no ano de 2010, o Brasil é composto por mais de 52% de mulheres,
isto é, as mulheres são a maioria no país. No entanto, ao analisar os
resultados das últimas três eleições federais e municipais através das
estatísticas elaboradas e publicadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (nas
tabelas abaixo) elas não chegam a estar em 20% “das cadeiras” do Legislativo.
Ou seja, as mulheres estão sub-representadas na política nacional. .
Tabela 1: Dados Gerais da População e Eleitores das Eleições de 2006 – 2010 – 2014.
Tabela 1: Dados Gerais da População e Eleitores das Eleições de 2006 – 2010 – 2014.
Dados
gerais da população e do eleitorado por gênero
|
Ano
|
|||||
2006
|
2010
|
2014
|
||||
N°
absoluto
|
%
|
N°
absoluto
|
%
|
N°
absoluto
|
%
|
|
Eleitorado Total
|
125.735.846
|
100,0
|
135.655.980
|
100
|
142.707.022
|
100,0
|
Eleitorado Feminino
|
64.882.283
|
51,6
|
70.373.971
|
51,9
|
74.459.424
|
52,2
|
Eleitorado Masculino
|
60.853.563
|
48,4
|
65.282.009
|
48,1
|
68.247.598
|
47,8
|
População*
|
186.770.562
|
193.252.604
|
201.032.714
|
Fonte:
Tribunal Superior Eleitoral – TSE
*Fonte:
IBGE
De
acordo com a tabela 1, o eleitorado nos anos 2006, 2010 e 2014 é composto por
maioria feminina, em todas as eleições chegam a serem superiores a 51%, e esse
número só aumenta em relação à eleição anterior, ou seja, se o perfil do
eleitorado por gênero continuar seguindo essa característica, a eleição de 2018
terá ainda mais mulheres eleitoras do que homens eleitores.
Tabela
2: Dados das eleições 2006 – 2010 – 2014 com o quantitativo de candidatos,
vagas e candidatos por vagas em relação aos cargos no Legislativo.
Eleição
|
Cargo
|
Candidatos
|
Vagas
|
Candidatos por vaga
|
2006
|
Deputado
estadual/distrital
|
12.136
|
1.059
|
11,46
|
Deputado federal
|
4.956
|
513
|
9,66
|
|
Senador
|
202
|
27
|
7,48
|
|
2010
|
Deputado
estadual/distrital
|
15.266
|
1.059
|
14,42
|
Deputado federal
|
6.015
|
513
|
11,73
|
|
Senador
|
272
|
54
|
5,04
|
|
2014
|
Deputado
estadual/distrital
|
14.958
|
1.059
|
14,12
|
Deputado federal
|
7.137
|
513
|
13,9
|
|
Senador
|
188
|
27
|
6,96
|
Fonte:
Tribunal Superior Eleitoral – TSE
Tabela
3: Dados das percentagens dos candidatos e eleitos das Eleições dos anos de
2006 – 2010 – 2014 por cargo/gênero.
Percentagem de Candidatos e Eleitos
das Eleições dos anos de 2006 - 2010 -2014 por cargo/gênero
|
|||||||
2006
|
2010
|
2014
|
|||||
Cargo
|
Gênero
|
% candidatos
|
% eleitos
|
% candidatos
|
% eleitos
|
% candidatos
|
% eleitos
|
Deputado estadual/distrital
|
Masculino
|
85,7
|
SI*
|
77,1
|
87,0
|
82,7
|
88,7
|
Feminino
|
14,3
|
SI*
|
22,9
|
13,0
|
17,3
|
11,3
|
|
Total
|
100,0
|
SI*
|
100,0
|
100,0
|
100,0
|
100
|
|
Deputado federal
|
Masculino
|
87,3
|
SI*
|
77,8
|
91,2
|
68,2
|
90,1
|
Feminino
|
12,7
|
SI*
|
22,2
|
8,8
|
31,8
|
9,9
|
|
Total
|
100,0
|
SI*
|
100,0
|
100,0
|
100,0
|
100
|
|
Senador
|
Masculino
|
84,2
|
SI*
|
86,8
|
87,0
|
79,8
|
81,5
|
Feminino
|
15,8
|
SI*
|
13,2
|
13,0
|
20,2
|
18,5
|
|
Total
|
100,0
|
SI*
|
100,0
|
100,0
|
100,0
|
100
|
Fonte:
Tribunal Superior Eleitoral - TSE
*
Sem Informação no site do TSE dos eleitos da eleição de 2006 até a data da
elaboração desse trabalho.
A tabela 2 demonstra de
maneira geral, sem distinção de gênero, a quantidade de candidatos, vagas e a
relação candidato/ vaga. Em 2006 foram 12.136 candidatos para o cargo de
deputado estadual/distrital, 4.956 candidatos para o cargo de deputado federal
e 202 candidatos ao cargo de senador; em 2010 foram 15.266 candidatos para o
cargo de deputado estadual/distrital, 6.015 candidatos para o cargo de deputado
federal e 272 candidatos ao cargo de senador; em 2014 foram 14.958 candidatos
para o cargo de deputado estadual/distrital, 7.137 candidatos para o cargo de
deputado federal e 188 candidatos ao cargo de senador.
A tabela 3 demonstra de
maneira específica as percentagens de candidatos e de eleitos por cargos e
gênero.
Em 2006 as percentagens
de candidatos do sexo masculino para os cargos de deputado estadual/distrital,
deputado federal e senador foram todos superiores a 80%.
A Eleição de 2010
apresentou maior percentagem de candidatos do sexo masculino para o cargo de
senador, atingindo o número de 86,6%; a percentagens dos homens para os cargos
de deputado estadual/distrital e deputado federal foram superiores a 77%, ou
seja, as percentagens de mulheres candidatas aos cargos no Legislativo não
ultrapassaram 23% e isso refletirá na baixa representatividade das mulheres no
poder legislativo brasileiro. Depreende-se da tabela 3 que há uma grande
disparidade do percentual de mulheres candidatas em relação aos homens
candidatos e, essa disparidade se torna maior a partir do momento que
comparamos com o percentual de mulheres eleitas em relação ao percentual de
homens eleitos. Em 2010 as cadeiras da Câmara Legislativa e do Senado eram
preenchidas respectivamente por 8,8% e 13% de mulheres. Nota-se, então, um problema
de representatividade na política nacional que precisa ser combatido.
A Eleição de 2014,
portanto, a mais recente pela qual o país passou, não sinalizou mudanças quanto
à representatividade das mulheres em relação às eleições anteriores. Os
percentuais de candidatas ao cargo de deputado federal, 31%, e senador, 22%,
foram maiores em relação à eleição de 2010, mas o percentual de candidatas a
deputado estadual/distrital foi menor. Isto é, os percentuais de mulheres
eleitas continuaram pequenos e muito distantes dos percentuais de homens
eleitos.
As mulheres ainda estão
longe de serem representadas na casa do povo conforme sua presença na população.
Um Legislativo dominado por homens
parece não estar preocupados em compartilhar direitos e rever a sub-representação
delas na política. A luta foi e será árdua! Ela e elas existirão!
Referências Bibliográficas:
Disponívelem:<http://www.tse.jus.br/>.http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleitorais-2014-eleitorado>.
Acesso em 15 de maio 2016.
Disponível em: < http://www.tse.jus.br/>
http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-anteriores/eleicoes-anteriores>.
Acesso em 16 de maio 2016.
Disponível em: < http://www.tse.jus.br/>.
http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-anteriores/eleicoes-2010/estatisticas>.
Acesso em 16 de maio 2016.
CENTRO FEMINISTA DE ESTUDOS E ACESSORIA.
Cidadania das Mulheres e Legislativo Federal: Novas e Antigas questões em fins
do século XX no Brasil. Brasília, Novembro de 2001.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário foi publicado. Obrigado por visitar o pensalítica.