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segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Do Titanic para a Esplanada dos Ministérios - Semana da pátria dos Eachianos na capital da república

Autor: Júlio da Cruz Oliveira
Graduando em Gestão de Políticas Públicas - EACH USP

INTRODUÇÃO

O Projeto Cidade Constitucional é um projeto de certa maneira inovador de método de ensino superior na área de humanidades e principalmente na área do campo dos cursos de públicas, como são chamados os cursos de administração pública, gestão pública e gestão de políticas públicas, pois é ao mesmo tempo um curso de extensão e pesquisa dentro do curso. A  grande maioria dos cursos superiores saem da teoria para a experiência empírica ou prática para que de fato se insira o estudante  no meio em que ele vai atuar , alguns , logo nos primeiros meses de ensino, por exemplo, os cursos de enfermagem, medicina, engenharia e tantos outros, alguns demoram um pouco mais, como direito, por exemplo. 

No entanto, os cursos do campo de públicas , em especial o nosso curso de Gestão de Políticas Públicas, me parece que carecia de vivência prática das teorias densas aprendidas por anos nas salas de aulas. Claro que podemos pensar, que no que se refere a política contemporânea não faltam acontecimento para discussão das conjunturas, mas essas discussões em sala de aula ou em uma roda de conversas não são o foco principal nas aulas e não são discutidas a fundo. Além disso falta a vivência e a junção do ver para crer, ou seja, aprendemos a entender a separação dos poderes, aprendemos sobre algumas instituições governamentais e órgãos públicos, mas depois da experiência vivida em Brasília, pude entender que vale muito o que aprendemos nas salas de aulas, mas ,as “ histórias” contadas e imaginadas por quem ouve, nunca podem substituir a realidade do ver ouvir cheirar, tocar, pois o fato de estar  dentro das cenas, dá uma outra visão das coisas, a visão real da história contada, assim podendo-se recontar as coisas de um outro jeito, a partir do olhar de cada um.

O PROJETO

O projeto idealizado pelo Professor Dr. Marcelo Arno Nerling, do curso de Gestão de Políticas Públicas da Escola de Artes , Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, tem como eixos balizadores :
- O Federalismo cooperativo no ensino ;
- Flexibilização curricular;
- As metodologias ativas .

Em seu 9º ano , a edição de 2015, o Projeto   A Cidade Constitucional IX- Capital da República, contou  o apoio da ESAF- Escola Superior de Administração Fazendária, que exerce um papel importante nesse projeto, pois além de receber e alojar os alunos que participam do projeto , é protagonista em um dos eixos estruturantes do projeto , que é a Educação para a coesão social. Neste ano, a UDESC- Universidade do Estado de Santa Catarina e a UFRRJ- Universidade Rural do Rio de Janeiro, também participaram com alunos dos cursos de Administração Pública de cada entidade. Além disso, além dos alunos de Gestão de Políticas Públicas da EACH-USP, os cursos de Sistemas de Informação , Gestão Ambiental, Educação Física e Saúde, Obstetrícia, Gerontologia, Têxtil e Moda , Lazer e Turismo estavam representados também, o que tornou muito plural os olhares sobre os temas abordados e com isso enriqueceu os debates e também as conversas muito boas que existiam nos momentos de confraternizações.

AS ATIVIDADES
06/09/2015
Os olhos abriam e fechavam e o calor do Planalto goiano entrava pelas janelas do nosso ônibus nas primeiras horas do dia 06 de setembro . Chegamos ao Plano Piloto por volta das 13h . Por conta do atraso na chegada, fomos direto à visita ao Palácio do Planalto, pois as visitações se encerrariam as 14h e como se dão somente aos domingos, se não fosse naquele dia, somente na semana seguinte, o que inviabilizaria a visita. Assim , nos quedamos meio alquebrados da viagem, na grande fila que estava formada aguardando a entrada.
A visita é guiada e a espera valeu a pena. Apesar de não ser uma visita muito detida, ela foi rica em detalhes e os olhos e ouvidos precisaram estar bem atentos e estavam. O Palácio sede do Poder Executivo é cheio de obras de arte em sua maioria de artistas nacionais que por si só mereceriam alguns minutos dedicados a cada uma delas.  Como exemplo as esculturas de Zezinho de Tracunhaém.

Além disso, chama a atenção a Galeria com as fotos dos Presidentes da República .
Galeria no hall de entrada do Palácio do Planalto


Todos os ambientes chamam a atenção pela riqueza de detalhes e ao mesmo tempo uma simplicidade no mobiliário e também por todos os ambientes possuírem uma obra de arte presente . Destaco o Salão Oeste, que é usado para eventos de até 500 pessoas:

Salão Oeste




Existem salas distintas para reuniões da Presidenta com menor numero de participantes, com ministros e assessores, outra sala para reuniões ministeriais completas, sala de audiências, que é usada para reuniões com chefes de Estado e de Governo. Abaixo a sala de reuniões ministeriais:
Destaco também a importância que se dá aos simbolismos como forma de afirmação da República , que são os distintivos presidenciais, o distintivo do cargo de Presidente da República e a bandeira da República à qual está abaixo da bandeira do Brasil ao lado da foto oficial da Presidenta Dilma Roussef, que também é um símbolo usado em todos os órgãos ao Executivo subordinados.
Por fim, o Gabinete Presidencial, sala de trabalho da Presidenta da República, a qual destacamos abaixo:

Foto Oficial e Termo de Posse
Brasão Presidencial

Nos dirigimos para o Palácio do Itamaraty,  onde está o Ministério das Relações Exteriores, que desempenha um papel crucial na relação do Brasil com as outras nações do mundo. É um dos mais antigos ministérios, suas origens vem desde 1821, quando havia a Secretaria dos Negócios Estrangeiros e passou a ser Ministério das Relações Exteriores em 1889, com a proclamação da República. O Palácio do Itamaraty .tem o nome oficial de Palácio dos Arcos, mas ao haver a mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasilia em 1960, o nome do prédio do Ministério do RJ, mudou junto e logo em seguida o próprio Ministério passou das Relações Exteriores passou a ser chamado de Itamaraty.
O Itamaraty nos colocou em contato com a história do Brasil, contada através de obras de arte. Tivemos uma excelente visita que culminou com uma foto de nosso grande grupo na escada principal e muitos risos com a dificuldade do companheiro segurança do prédio, chamado Paixão, que não acertava tirar a foto. O nome dele foi lembrado ao longo de toda a semana quando íamos tirar um foto do grupo em qualquer lugar.
Após as acomodações e jantar, no auditório da ESAF, entramos em contato com a Metodologia, com os eixos estruturantes do curso e a programação do mesmo, numa atividade chama de Atividade de Nivelamento. O professor Nerling traça as linhas em que devemos atuar e fomos recepcionados pela Senhora Raimunda Ferreira de Almeida, Diretora Adjunta da escola.  

07/09/2015

A programação desta data foi especial, pois trata-se da data da Independência do Brasil, feriado nacional em que exaltamos a soberania nacional e o orgulho patriótico. Eu especialmente tenho esse sentimento muito forte , sim sentimento, pois ter orgulho do Brasil é uma coisa que vai além de torcer pela seleção de futebol .
Ver o sol nascer em frente ao Palácio da Alvorada e estar tão perto da comandante do Poder Executivo foi particularmente especial, pensar que aquele lugar , ou a resid~encia oficial do chefe da nação, já foi ocupada por muitos Presidentes, mas agora é a primeira mulher que a ocupa. Além disso, comparecer ao desfile cívico de 07 de Setembro em Brasília  representa para o brasileiro, ao meu ver, um momento de afirmação do orgulho nacional , em que pese haver , na minha opinião, um infindável número de instituições militares, nas quais não vejo sentido  a existência, visto que o desfile exalta a ordem e a obediências militares, me parece que essas instituições existem mais para conservação dessa obediência cega à algo que não faz muito sentido. Mas penso que precisaria conhecer um pouco mais a fundo cada instituição dessa e saber como são úteis á sociedade, além de ensinar a ordem e obediência aos seus membros.
Outro ponto que mostra a incrível capacidade e desenvolvimento do  país é o avanço tecnológico na área do desenvolvimento aeroespacial com a produçõe de aviões e jatos pela Embraer , os quais são exportados para diversos países do mundo. A apresentação da Esquadrilha da Fumaça, grupo que faz acrobacias aéreas com os jatos produzidos pela Embraer, neste ano pela primeira vez fez suas acrobacias com os aviões A-29, conhecidos como “Super Tucanos” ,que são os mesmos jatos que fazem o patrulhamento  do espaço aéreo no território nacional .
Abaixo as fotos desse importante dia:
Vista do Palácio da Alvorada Por volta da 06h00
Nossa presença


Convite para o Desfile Cívico-Militar
Manifestantes chutam e tentam derrubar
proteção em torno das arquibancadas
As arquibancadas ,cobertas para proteger do sol , aos poucos se encheram. Parte dos presentes se manifestando negativamente quando da menção do nome da Presidenta Dilma Roussef, eu e a maioria dos colegas do grupo da EACH, batemos fortes palmas e saudamos positivamente em contraposição às vaias das pessoas que ali estavam. A  apenas 15 anos atrás, já no governo democrático do Ex- Presidente Fernando Henrique Cardoso, as vaias e ofensas que ouvimos à Presidenta, fossem as vaias e principalmente as ofensas dirigidas ao Presidente seriam motivos das retiradas dessas pessoas do local. À nossa frente o desfile e ao fundo, por todo o tempo de duração do desfile, ouvíamos manifestações de opositores ao governo, especificamente de pessoas que pregavam a volta do regime militar e a derrubada do governo. No entanto, as forças armadas, ali prestavam reverência às instituições democráticas, e prontas para defendê-las.
Parte do nosso grupo em primeiro plano na
Esplanada dos Ministérios aguarda o desfile
O Desfile Cívico, é basicamente a apresentação de alunos das escolas de Brasília, marchando como se fossem militares e após cerca de 10 escolas, o que representa menos de 10% de todo o desfile , começa o desfile Militar das tropas, do aparato militar do Exército, Marinha e Forças Aéreas .
Nos parece que o desfile é o momento de apresentar todo o aparato bélico das forças armadas, prestar contas à população e reafirmar que o país estaria preparado para ofensivas militares de toda a sorte.
Banda de escola se apresenta na
Esplanada com início dos desfiles
Aparato Militar- Tanques de Guerra do Exército Brasileiro
Prédio do Supremo Tribunal Federal
Casa Máxima do Poder Judiciário
Nos dirigimos à Praça dos três poderes para aguardar o retorno à ESAF- Enquanto isso aproveitamos para conhecer melhor e mais de perto alguns pontos específicos e monumentos:

Os Candangos, brasileiros de todo o país, especialmente do Nordeste do Brasil que para o Planalto migraram para construir Brasília, hoje lá não se encontram mais, a não ser na memória e na lembrança , pois o Plano Piloto os expulsou de volta às suas terras ou às cidades que se formaram em torno de Brasília.
Monumento aos Candangos- Ao fundo Palácio do Planalto

Nossa programação segue e às 19h tivemos a apresentação do Programa Nacional de Educação Fiscal com Gerente do Programa a Sra. Fabiana Feijó de Oliveira Baptistucci. De acordo com ela, criado em 2002, a Missão do PNEF é de interagir com a sociedade sobre a oriegem, aplicação e controle dos recursos públicos, favorecendo a participação social e a promoção da cidadania fiscal. Entre os valores do programa estão a cidadania, o comprometimento, a efetividade, a ética, a justiça e a solidariedade.

Fabiana Feijó lembra que as pessoas não são instruídas para saber o que estão pagando de tributos. Nem as prefeituras sabem direito como lidar com isso. Começou-se a falar sobre educação fiscal há cerca de 20 anos. Antes a questão era apenas arrecadatória e hoje fala-se de todo o sistema. Fabiana lembra da letra da música  “Babylon” de Zeca Baleiro , que fala em sua letra “ nada vem de graça, nem o pão , nem a cachaça” . Lembra Fabiana que quem paga mais imposto no Brasil, proporcionalmente à renda são os mendigos, que bebem muita cachaça, e a cachaça é um dos mais tributados produtos que existem.

Começou-se  também bem antes falar-se sobre Educação Financeira. A Educação Financeira é a capacidade de entender as finanças e assuntos a elas relacionados. A capacidade de um indivíduo de fazer julgamentos bem informados , saber sobre seus gastos. Nos EUA, a pessoa física vai à falência, aqui isso não acontece. Não existe estudo que diga que se a pessoa não gerir bem seus recursos pessoais, não saberá gerir o Estado.

Fabiana exibe um vídeo da música “Chega” de Gabriel o Pensador. Onde ele faz um desabafo sobre muito pagar impostos e a falta de serviços, cobra os políticos e todos os gestores públicos a questão de pagarmos para praticamente tudo que existe no país e ainda assim estarmos sujeitos a tantas falhas na educação, saúde e segurança pública. Aqui o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=S9FTlI1KuJA

Em minha opinião o vídeo está cheio de clichês e não leva ao conhecimento e à conscientização. Considerei desnecessária a apresentação desse vídeo, especialmente sem nenhuma conversa posterior.

Sobre Cidadania, cita Dallari, onde diz “ A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar da vida e do governo de seu povo”. Também cita a importância da Democracia Participativa, que segundo Fabiana, é um regime onde se pretende existam efetivos mecanismos de controle da sociedade civil sob a administração pública, não se reduzindo o papel democrático apenas ao voto, mas também entendendo a democracia como papel social. Para haver Controle Social é preciso haver efetivamente a participação da sociedade civil nos processos de planejamento. Verificamos a existência de observatórios sociais. As pessoas precisam entender a função social do tributo. O cidadão precisa entender todo o ciclo orçamentário. Pergunta, existe ambiente para o tema prosperar?

Exibe o vídeo Hino da Cidadania : https://www.youtube.com/watch?v=vA2z2S907TU
Ainda é lembrado pela Gerente do PNEF, que existem os GEFEs (Grupos de Educação Fiscal Estaduais) e os GEFM(Grupos de Educação Fiscal no Municipio) além do GNEF, o Grupo Nacional de Educação Fiscal. Cita a importância desses grupos enviarem propostas para inclusão da Educação Fiscal através o portal do MEC para a nova Base curricular de ensino até Dezembro de 2015, o endereço é: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/inicio
Professor Nerling fala que precisamos falar sobre educação fiscal, usar o termo nos trabalhos acadêmicos para que difunda a ideia. Lembra os artigos 70 e 71 da Constituição Federal de 1988, que versam sobre os controles internos e externos das contas públicas.

08/09/2015

08h30- ESAF
Atividade sobre educação fiscal continua com a Sra. Fabiana Feijó que desta vez fala sobre a CONFAZ- Conselho Nacional de Política Fazendária ,órgão que congrega todas as Secretarias Estaduais de Fazenda , reconhecido em 1998 pelo MF e que orienta os Grupos de Educação Fiscal dos respectivos estados e municípios, a verba para o grupo federal se destina exclusivamente à capacitação de profissionais para trabalharem com a educação fiscal. As secretarias de fazenda estaduais são as gestoras dos GEFEs. As secretarias municipais ainda precisam ser melhor organizadas. Portanto , em nível federal os principais envolvidos no tema são : ESAF,  RFB  , STN e também a PGFN. Fala dos cursos oferecidos pela ESAF, tanto dos cursos presenciais , os quais são dedicados aos gestores federais de todos esses setores e órgãos da administração pública federal, como também os cursos on-line que são abertos à população em geral, como estudantes interessados no tema.

O Senhor Alexandre Ribeiro Motta, Coordenador Geral da ESAF faz uma instigante fala  de recepção aos alunos e conta como começou a ESAF , através de um processo que se iniciou em 1945, onde o Sr. Delfim Netto, ex- Ministro da Fazenda, teria se inspirado na escola francesa e também na nossa Embrapa que já era um exemplo de síntese do conhecimento e difusão do conhecimento.
Alexandre acha que o orçamento participativo deve fazer parte da mentalidade do gestor público, o Secretário da Fazenda deveria ir explicar para as pessoas como está o orçamento, e ressalta trabalhar com o orçamento participativo foi uma das mais importantes etapas de sua vida profissional e acadêmica.  Lembra Darcy Ribeiro que dizia que a juventude tinha um papel protagonista e protagonizadora no papel de mudar a sociedade.
Cruzando a ponte sobre o lindo e gigantesco
Lago Paranoá que corta Brasília

14h30 – IX Seminário USP-MS O Ministério da Saúde. Faculdade de Educação Física-UNB

Ouvimos importantes falas sobre a saúde e seus determinantes dentro da Política Nacional de Promoção à Saúde do Ministério da Saúde, como a de Roberta Correa de Amorim, que apresentou os temas prioritários para a PNPS. A meta definida pelo Brasil dentro da 22ª Conferência Mundial de Promoção à Saúde é garantir a promoção {a saúde dentro do SUS e para isso diversas áreas dentro no MS estão envolvidas.
Vista de Frente da Faculdade de Educação Física da UNB- Brasília
Ouvimos a fala do senhor Ângelo DÁgostini do Departamento de Gestão e Regulação do Trabalho em Saúde; Também a fala do Dr. José Santana , médico sanistarista que falou sobre o Programa Mais Médicos. 

Também a fala de. Micheline da Luz, sobre o Programa Saúde na Escola. Ainda a fala também de Roberta Correa sobre o Programa Academia da Saúde e de Kátia Godoy sobre o segurança e insegurança alimentar no Brasil e apresentou um interessante vídeo produzido pelo MS sobre os 10 passos para uma alimentação sauável e equilibrada, que acho importante aqui trazer o link: https://www.youtube.com/watch?v=rDQv4IJMhT0  .

Por fim o assuntos da violência e acidentes, trazidos por Mariana Freitas da área de Vigilância em Saúde.

Apesar do limitado tempo, o debate foi muito rico . Minha opinião é que os debates e seminários ficam mais ricos quando tem-se tempo para o debate propriamente falando, ou seja, que tenha a participação maior da plateia. A participação da EACH tanto dos alunos de GPP, quanto EFS e Gerontologia e Obstetrícia foram fundamentais para enriquecer o debate.

19h00 Seminário USP- RECEITA FEDERAL DO BRASIL
A Rede de Educação Fiscal da Receita Federal na Cidade Constitucional.

Professores da EACH, UDESC, UFRRJ
e Sr. Antônio da RFB em pé
Fala do Senhor Antônio Lindenbergh , Coordenador de Educação Fiscal e Momória Institucional da RFB.

O Dr. Antônio Lindenbergh cita o funcionário do governo nazista de Hittler, Adolf Eichemann na década de 1970, que quando julgado pelo crime de genocídio da população judia, alegou que apenas cumpria ordens de seus superiores , portanto, seguia ordens do governo ao qual servia. Explica que faz essa analogia para lembrar que as pessoas pagam tributos desde a idade média , pela força da lei, pela força da coerção . O Estado deve mostrar através de diálogo com a sociedade quais são os motivos que o levam a cobrar esses tributos. Ou seja, o Estado tributa para que se possa prestar serviços à sociedade. Entendo assim  que,  da mesma forma que uma sociedade, com pessoas que pensam e entendem que os direitos humanos e à dignidade humana estão acima de qualquer superioridade de raças ou disputas , é uma sociedade que estaria preparada para cumprir suas não “obrigações”, mas dar sua contribuição para o todo na sociedade, para que todos tenham os necessários serviços e haja mais justiça  e equidade social.

09/09/2015

09h00
- Palestra  com o Sr. Paulo Mauger, Diretor de Cooperação Técnica da ESAF , que falou sobre a cooperação Brasil-Alemanha no item sustentabilidade . A ESAF tem como objetivo tornar a escola um centro de referência em energia solar. Ainda , trabalhar para levar aos prédios públicos o conceito de prédios sustentáveis, com maior aproveitamento da energia solar .
- Tivemos também a fala da Sra . Veruska Costa, Gerente do Repositório do Conhecimento do IPEA- instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, o Repositório guarda os Metadados e também os próprios arquivos de pesquisa .
- O Senhor Almir de Lima Junior fala sobre o Observatório IPEA da Gestão do Conhecimento e Inovação na Administração, lembra da importância dessa ferramenta para os gestores públicos. Ressalta que muitas vezes a mesma pesquisa ou levantamento são encomendadas alguns anos após o trabalho ser efetuado, no entanto, por falta de conexão, em uma mesma prefeitura, por exemplo, apenas por ter mudado de governo.
À tarde, foi a vez de visitarmos outro cartão postal de Brasília , a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, mais conhecida como Catedral de Brasília.
Obra  de Oscar Niemeyer ,inaugurada em 1970
A construção permite que haja uma ótima acústica dentro do ambiente
Depois da Catedral fomos visitar rapidamente o prédio central da Caixa Econômica Federal com os incríveis vitrais coloridos.
Prédio da CEF e os vitrais que representam cada estado da nação
Na sequencia o Seminário USP- Banco Central- A Estratégia nacional de educação financeira na cidade constitucional: um museu de valores. O Senhor Moisés Coelho fala sobre uma população financeiramente despreparada. Informa que a educação financeira , com a criação da ENEF (decreto 7937) o governo tornou a educação financeira política de Estado, ou seja uma política permanente.
Museu de valores do Banco Central do Brasil
Maior Pepita de ouro em exposição no Mundo- Cerca de 60 quilos.

10/09/2015

09h00 VI Seminário USP-UNB – Tributo a Darcy Ribeiro

O Beijódromo de Darcy Ribeiro
Professor Dr. José Geraldo de Souza Junior, Coordenador da Fundação Darcy Ribeiro, fala da história instigante e inspiradora da vida de Darcy Ribeiro como homem público e sua personalidade visionária . Darcy ajudou a planejar a UNB, foi seu primeiro reitor, relator da versão atual da Lei de Diretrizes da Educação. Escritor, antropólogo,Senador, Vice-Governador do Rio de Janeiro.
Professor José Geraldo fala também que a UNB se inspira no pensamento de universidade que se envolva com os projetos nacionais de cada estado que esteja. Tem de ter uma função social, se preocupar em ajudar a resolver os problemas do povo. A UNB nasceu em seu projeto com essa utopia. Lembra que a UNB tem cotas para negros e indígenas.
09h15  Sobre o “direito achado na rua” e nas instituições da cidade constitucional

 Professor Nerling/ Professor José Geraldo e Professora  Helga
A Professora da Universidade de Goiás Helga Maria de Paula Martins, fala sobre o surgimento do termo e os trabalhos feitos em relação ao tema. A aluna Bruna pergunta o que exatamente significaria o direito achado na rua. A explicação da professora cita o autor do termo o Professor Lyra Filho, mas não ficou muito claro exatamente o que seria . Em pesquisa posterior, a definição seria : “ A ideia de justiça que vai muito além de normas e sanções, tampouco se restringe às leis. Lyra acreditava que era hora de construir um Direito que levasse em conta as constantes transformações sociais, o apelo dos movimentos populares, as lutas coletivas pela ampliação da cidadania. Em outras palavras, era preciso colocar o Judiciário a serviço do povo.” (Revista Fórum-Entrevista com Professor José Geraldo Souza Junior- site da Revista). E pelo que entendi é exatamente as pessoas cobrarem e utilizarem-se da justiça, que fica geralmente restrita aos que por ela podem pagar. Por isso o movimento conta com as Promotoras Legais Populares e Assistência Jurídica Popular. Um avanço importante para o empoderamento do povo é a formação de advogados formados a partir do Pronera- Programa Nacional de Educação para Moradores nos assentamentos de reforma agrária.  Professora Helga cita a ideia de educação e visão de vida de Paulo Freire e também cita Augusto Boal e sua ideia contida no Teatro dos Oprimidos.
Em minha visão, o Direito achado na rua é mais que um campo para estudos, é uma forma de ver a vida , tanto profissional como acadêmica, é acreditar que o “direito” é mais que técnica e teorias, e sim uma forma de acesso à justiça e pode ser claramente uma alavanca segura para o acesso a uma maior igualdade social.
15h00 Visita a CDH-  Comissão de Direitos Humanos –Senado Federal
Palestra com o Senador João Capiberibe, que fala sobre a importância crucial das leis de transparência e também da lei de acesso a informação , também da centralidade da participação social no controle dos gastos públicos. Cita os gastos do Legislativo do Distrito Federal e os compara com o Legislativo do Estado de São Paulo, no entanto não fala dos gastos do Senado e tampouco do Congresso, mas exemplifica a necessidade de abertura dos gastos. Quando informado que USP não torna publicas as informações sobre os gastos e também que já foi levada essa reivindicação ao Congresso, pede para que sua assessoria cheque as informações e diz que vai tomar providencias para cobrar da Universidade a adequação à lei.

17h30 Visita guiada ao Congresso Nacional
Câmara dos Deputados – Quinta Feira as 17h30
Senado Federal- Sessão Especial Dia do Administrador.
Considerei importante nossa visita ao Congresso Nacional, mas me serviu para confirmar meu entendimento de que a República e o Estado não precisam de tanto desperdício de dinheiro público. Me refiro não ao prédio, obra arquitetônica suigêneris e especial, mas sim ao aparato todo que envolve a manutenção da máquina pública do Poder Legislativo, são centenas de carros oficiais, TV Senado/ TV Câmara/ Rádio Senado/Rádio Câmara, Polícia Legislativa e muito mais. Fora o que não vimos ali naquele ambiente.

19h30 VIII –Seminário USP-Ministério da Justiça- A Secretaria Nacional de Justiça

Professor Nerling e o Secretário Nacional de Justiça Beto Vasconcelos
Secretário Beto Vasconcelos aborda dois tópicos , a transparência do Governo Federal e a participação social no acesso às informações e também a questão da política nacional de imigração e recebimento de refugiados estrangeiros. Seminário muito rico e descontraído, onde o Secretário respondeu á todas as mais de 1º perguntas que lhe foram feitas e mostrou que a visão do Brasil é de que ser uma nação que acolhe as pessoas não afeta de forma alguma a vida dos cidadãos brasileiros, e enriquece o nosso país, lembrando que um dia todos nós fomos imigrantes aqui nesta terra.

11/09/2015

09h00 Comissão de Legislação Participativa- Câmara dos Deputados

Na Comissão de Legislação Participativa
Participamos todos de uma experiência prática como membros de uma sessão da CLP, discutindo propostas para serem encaminhadas à votação do Plenário da Câmara. Descobri somente lá, que a sociedade pode encaminhar diretamente projetos de lei de iniciativa popular e mudanças nas leis através de associações legalmente constituídas ou sindicatos , sem ter de apresentar projetos com milhões de assinaturas, que não serão conferidas nunca e que se não houver pressão popular nunca sairão da caixa.
Abaixo o Senhor Aldo Matos Moreno, Secretário Executivo da CLP, apresenta a CLP , quem pode propor projetos e o esquema de tramitação dos projetos entre a CLP e o Congresso.
                     
Sr Aldo Matos Moreno- Secretário Executivo
da  Comissão de Legislação Participativa
Compreendi também uma outra coisa muito importante com a CLP, os funcionários do Congresso, os Assessores técnicos do legislativo, são eles que sabem o funcionamento das comissões, eles que praticamente guiam os parlamentares nas comissões, além de saberem os ritos e regimento , eles precisam saber os assuntos que estão em pauta e orientam os deputados , principalmente os deputados inexperientes de como funciona o trabalho nas comissões . Trabalho muito importante, por isso, muito valorizado e posições concorridas no mercado de trabalho em Brasília.
Deputado Júlio Oliveira e Deputado Reginaldo Noveli
Temas polêmicos nesta sessão

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cidade Constitucional IX- A Capital da República, foi um momento crucial na minha experiência acadêmica. A interdisciplinaridade do nosso curso de Gestão de Políticas Públicas, ao meu ver , requisita muito mais que aulas na sala. Essa flexibilização curricular que foi posta em prática com esse projeto em Brasília , me levou a acreditar mais na possibilidade de mudanças e em fazer parte dessas mudanças. No meu modo de entender , pois aprendi isso na vida, em todos os momentos da existência, o ser humano aprender mais com os exemplos e com a prática, do que com o ouvir dizer como funciona. O trabalhador faz um curso de capacitação, mas se não “puser a mão na massa” nunca vai saber na realidade como é o fazer de sua profissão. Portanto o fato de estarmos presentes nos locais, nos órgãos públicos que conhecemos através dos livros, dos jornais e artigos que lemos, as funções de cada entidade e cada agente público que conhecemos na teoria, podem ser sentidas ou tocadas , vivenciadas de perto com essa experiência. Da mesma forma, quando defendemos alguma ideia ou alguma causa, se dela formos parte ou tivermos uma ligação forte com ela, ou experiência com o problema, ou seja , conhecermos aquilo que defendemos, vamos fazer muito melhor nosso trabalho.
Fiz questão de mencionar quase todas as atividades que participamos, pois cada uma teve seu momento de importância, como se forma uma colcha de retalhos , até os momentos livres de conversa com os colegas foram  especiais, pois os colegas dos cursos de Educação Física e Saúde, Gerontologia, Obstetrícia, Gestão Ambiental, Sistemas de Informação, Textil e Moda, Lazer e Turismo foram essenciais para os diversos olhares que tivemos sobre a nossa visita à Capital da República. Penso fortemente que para a solução dos problemas dos municípios e também os problemas de nossa nação , a interdisciplinaridade e as diversas percepções são fundamentais quando se quer realmente romper paradigmas.
Salve nossa República e os brasileiros que acreditam e lutam por um  país melhor !
Ponto Turistico – Vista da Torre de TV.

Referências:

NERLING,Marcelo Arno; ANDRADE,Douglas Roque. A Cidade Constitucional: Capital da República IX- 2015. São Paulo.SP . Setembro,2015. Programa de eventos  e atividades de 2015.


STREIT , Maria. O Direito Achado na Rua. Professor da UNB defende a necessidade de romper paradigmas e colocar a justiça a serviço do povo, contemplando as reivindicações dos movimentos sociais. Revista Fórum. São Paulo.SP Não datada- disponível em : http://revistaforum.com.br/digital/161/o-direito-achado-na-rua/

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